segunda-feira, 12 de março de 2007

- Pausem suas Literaturas -

Incitado por um contundente parágrafo pretensiosamente político, resolvo, política e incorretamente, escrever sobre o produto de uma árvore morta por uma política neo-liberal-individualista-pseudoesquerdizada que supervaloriza o eu e cria fantasmas sociais não vistos e não atingidos.

Pausa para pergunta. Que função tem o alarde da imprensa de que turistas em Copacabana (?) tiram uma foto de férias enquanto um corpo jaz morto na calçada no fundo da figura? Veja bem. Pode me crucificar, mas aprenda a criticar. Facilmente recaímos para a insensibilidade individual que nos faz monstros opressores e egocêntricos. Se não nos interessa, não vemos. Você realmente acredita nisso?

Se sim, procure uma escola neo-hippie, matricule-se nela e aprenda a valorizar a realidade e a sensibilidade “inerentemente” humanas em todas as suas nuances. Você vai se comover com o corpo estendido, e convocar a multidão de cartazes e lágrimas aos gritos de basta, numa dança ritual ao redor do corpo, que, paradoxalmente, vai continuar lá.

Você acha que há alguma função maniqueísta por trás de uma notícia dessas? O que acontece com chamadas deste tipo? O alarde para a violência urbana muda alguma coisa, ou promove uma linha argumentativa a favor de que somos maus-elementos que devemos nos tratar e autorizar a censura a almas podres? Pois bem! Tome coragem e autorize! O governo é uma corja! Meninos jogados em sacos? Que mãe filha-da-puta! Vamos enforcá-la! Justiça social, já! Somos culpados donos da moralidade que sabemos quem e quem presta!

Você é cético e acha que é isso mesmo? Enterra os cadáveres do passado e acha que nada se pode oferecer em favor de alguma mudança?

Não faço opção. Não se conhece o homem. A minha urgência é que se conheça o homem à revelia de discursos que o revestem de moralidade e culpa. Conheçamos. Aprendamos. Se soubermos porquês, poderemos alterar probabilidades. Não as da foto do cadáver na calçada. Simplesmente, não haveria cadáver.
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Mateus Souza, não escrevendo nem um conto, nem uma poesia.

3 comentários:

Anônimo disse...

Otimo texto e bem maluco esse, gostei bastante do seu estilo de escrever, visitarei mais vezes

Vitor Souza disse...

Humm... acho que entendi. Vou ler de novo.

Anônimo disse...

MANIFESTO

Quero a poesia na música. Quero a música envenenada de metáforas e sinestesias. Quero o hit, o hot, quero o hippie e não o hip hop... não quero apenas rimas, quero o beat da batida; quero irmãs e primas... hum... primas!!!
Se tiver o porradão, aceito! Mas “tem que ter, tem que ter, tem que ter” palavra... seja dócil ou abusada, usada ou desusada...
E tem mais:
Quero, e como quero, essas palavras derrubando tudo... que sejam mais fortes que o barulho do som!
E que não haja mais sombra, não haja mais
“mesa, em latim, aumentada em brasileirês”
Que não tenha sistema, nada que a impeça de ser declamada.
Quero a volta da poesia... que saia a poeira dela...
Quero a poesia branca preta, a poesia povão, a poesia da rua... aquela que grita no silêncio... que não deixa o verbo preso...
Quero verbo, adjetivo... substância material e espiritual... porque nem só de palavra o poeta viverá, mas de pão e mulher para amar.
Quero Chacal, Leminski, Charles... os “marginais magistrais”. Quero a música que “ainda pulsa” do “Cabeça Arnaldo Titã Dinossauro Antunes”... quero o cerebelo vomitando... quero o travesseiro compartilhando do outro lado do crânio travesso.
Quero o berro, o “uivo” da Ana Carolina, a pueridade do “Partimpim”... quero botar o “pé na estrada” e voltar no tempo... trazer à tona toda essa galera aí de cima e fazer uma MINI FESTA.
E com a cabeçada toda reunida, cantar uma única canção. Uma que diga não, sim a tudo de bom, ruim...
Que seja aqui, no Japão, no Afeganistão...
Que nunca possamos dizer que “o sonho acabou”
Porque...
“o amor é o calor que aquece a alma...”