quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Ontem

No meu sono pré-consciente, senti uma gota de água de coco fervida voar para o meu olho esquerdo, sobressaltando-me em um espasmo que me levantou. Não me lembro quem preparava os cocos. Estavam todos fervidos e com uma carne branca e saborosa, ainda que as cascas verdes houvessem sido arrancadas.

Conversávamos animadamente sobre uma negra de lábios brilhantes – resquícios subterrâneos da frustrada tentativa de cochilo. A moleza do coco refrescava-me como os beijos dela, e penso que é esse o retrato mais claro de meus últimos desejos, despir-me da fria mecânica que me espera e realmente ceder à subversão e imoralidade.
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Mateus Souza