sábado, 10 de março de 2007

Nos trilhos (parte I)

Não acredite muito nessas linhas, só em algumas, noutras pode ler, mas sem perceber que o fim se aproxima mais rápido do que os trilhos podem suportar. E já não te cansa mais essa melodia triste toda tocando o tempo inteiro perto do ouvido, o que te faz bem é aquilo que me machuca, mas eu gosto é de sentir medo, ver a espinha gelar e perceber que o que faz bem me deixa deprê. Mas eu busco o Bom. Deixa eu viver.

É estranho, então, entender que de forma tão sucinta quanto a palavra sugere você mude seu lar tão rápido que sequer espera eu pentear os cabelos. Deixou o quarto abafado, o chuveiro estava no quente, queimou a pele, criou pequenas dores, mas satisfez.

Era um doce saber de tantas coisas amargas, por isso ele optou por ser melhor, não mais que eu ou você, porém, maior que ele. Deixa estar, deixa ser, tudo a de vir como fora combinado, a não ser que você queira sair, fugir. Estamos tão perto da chegada, que a partida metralhou nossos corações de saudades. Eu entendo perfeitamente o que te faz sentir assim, eu havia pensado nisso antes, eu até me vesti dessa forma também, é como um déjàvu.É tão transparente que racho a cara ao ir ao teu encontro, percebo que não é mais assim. As coisas mudam, enquanto isso o tempo passa e as roupas secam no varal, no meu varal abandonado, pois faz tempo que não tomo banho, só pra não apagar esse cheiro e sentir que mora comigo.

Mas do que se imagina, se faz. E mais ainda quanto mais corre o tempo, quanto mais se faz o canto de um pássaro novo. Talvez possas se sentir assim em relação à tantas coisas ao teu redor, que fazem parte do meu redemoinho de coisas confusas na cabeça maluca pensante e desastrada. Eu derrubo em ti um pote de mel, de um tipo tão doce que você nem reclama, apenas lambe tudo, numa forma felina de se limpar. Assisto a tudo isso com certo entusiasmo, porque eu gosto dos gatos, me sinto até um em determinada situações e percebo como você imita bem a natureza desses bichos.

Um carinho doce como esse mel, eu tento fazer, mas a minha mão machuca quando toca, parece um toque de Midas da dor. Você se afasta e escolhe um canto longe e aconchegante para viver, apenas te contemplo triste, queria poder me aproximar. Talvez seja perigoso demais. Talvez não seja nada demais...


Tainá Silêncio do Amor

6 comentários:

Walter disse...

Denso e ao mesmo tempo bem suave...
Muito bom!

www.hjsoamanha.blogspot.com

Cauê Fabiano disse...

Olá!

Vim aqui em retribuição da visita e do comentário.

E vim também para lhe dar os parabéns!

Realmente muito poético!

Preciso de poesia para não me tornar cético por causa do meu blog. Hahaha

Abraço!

Aliás, que código você usa para colocar o link do blog em seu nome?

Obrigado desde já!

http://palavrassublimadas.wordpress.com

Felippe Fiori disse...

interessante, gostei, apesar de um pouco confuso, li 3 vezes e ainda tenho minhas duvidas, seu blog ta legalzinho, vou dar nota la na comunidade, tudo de bom para vc :)

Felippe Fiori disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Tainá... esse é o caminho; um texto que flui como mina, as palavras vão rolando como que sopradas pelo desejo, esse desejo confesso e negado no texto; parece sempre um desafio ao nada. Gostei muito.

Vitor Souza disse...

Isso foi muito triste, Tainá. Tem momentos em que parece que o(a) narrador(a) está falando de alguém que já morreu, você sacou isso? Gostei.