domingo, 4 de novembro de 2007

Mindinho

Entraram em um bar como amigos, objetivo? Mentir! Em voz alta.
-Amor...
-Fala
-Tu sabes que te amo, né? Mesmo com tua polidactilia, mesmo vendo que esse seu sexto dedinho da mão é bizarro...
-Bizarro, sei... Mas não reclama quando no teu eu o ponho!
-Por isso te amo... Divago aqui comigo que o bizarro é a fina flor do sexo. Viveria sem esse teu pau ai, mas sem o dedinho...
-Meu medo é esse... Acordar sem ele, sangrando em tuas mãos.... Não sei como me excitaria, que o sangue seria bom de ver....Ah, meu dedinho talvez ereto ficasse
-É nisso que tenho pensado, na verdade, é...podes fechar os olhos por um minuto? É preciso. É surpresa, vais gostar...
-Hmmmmm..... Tentarei, pelo amor que por ti sinto. Olhos fechados, Cadê?
Ela tremeu nos mil ensaios que fizera em casa, mas naquela hora, possuída pelo desejo, foi cirúrgica. Pegou o bisturi do bolso, roubado com cuidado, viu as mãos estendidas na mesa e ele, o desejo, o dedinho. Não sentiu, ele só pulsou e pendeu fora da mão. Caiu por sobre um paninho encardido de bar, sangue, sangue.
-Sabe que nem doeu?.... Queria de novo, e de novo, e de novo..... Olha aquele casal com cara de nojo....Vou embrulhá-lo num papel de pão e dar pra eles dois.... Baita vibrador será! Faremos alguém feliz essa noite amor, muito obrigado!
Ela pensou que o anestésico fez efeito. Mas que reação do cara! Que puto! Tirou todo o encanto sádico do seu desejo. Gritou se retirando do bar:
- SEU PUTO! VAI DAR O DEDO É? ENTÃO ENFIA NO CU QUE TE ODEIO!
Finalmente, ele pensou.
Sem despedidas, foram embora. A verdade é que não houve mentira, se odiavam mesmo e a querela toda foi resolvida. Com um dedo. Um dedo a menos, diga-se.

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Mateus Souza e Helena Hutz

Um comentário:

J. disse...

Boa!
Arregalei o olhos por alguns segundos.
=]

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